No livro do Gênesis, temos a chamada primeira criação: um Deus que cria o mundo de forma histórico-processual, através da palavra. A criação das coisas parece seguir uma ordem, um arranjo de interdependência entre as coisas que vêm sendo criadas. A imagem é de um mundo que, uma vez posto em funcionamento, será capaz de, por si mesmo, garantir a sua manutenção.
A Criação começa com a presença de duas instâncias, fundamentais a todas as coisas: o Tempo.
“No princípio, Deus criou o céu e a terra.” (Genesis 1. 1) e “Deus chamou à luz ‘dia’ e às trevas ‘noite’” (Genesis 1.5).
O segundo texto sobre a criação tem um caráter antropólogico/antropocêntrico. Lemos, a partir do versículo 5, que, a ausência da chuva e da participação do "homem lavrador" (sexo masculino) são determinantes para o “funcionamento” da natureza (mobilidade - mover o imóvel). Esses dois elementos fundamentais são criados/sustentados, respectivamente, pelo vapor "Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra." (Gênesis 2:6) e pelo sopro divino "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente." (Gênesis 2:7).
Neste momento, fica claro que o jardim é diferente do mundo outrora criado. O que nos leva a pensar que se trata de algo que está além da natureza, porém pertencente a ela, porque é algo exclusivo ao homem. O Criador é quem planta as árvores cujas caracteríticas (frutos/sabor) são a beleza (entretenimento/prazer), alimento (necessário), vida (espírito/sopro) e conhecimento (arbítrio/discernimento).
Tamanha capacidade/poder dado ao homem veio porém com uma interdição: Não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob a certeza da morte.
- O homem tem sua satisfação plena* naquilo que o Criador deu e no "fruto" do seu trabalho (capacidade dada pelo Criador); ou seja, alimentar-se e ter prazer na sua existência. O conhecimento (árvore), também gera frutos, mas a ordem é não se alimentar dele. Pois o
O ápice/entimema da criação se dá quando o Criador vê que o homem necessita de companhia que lhe seja semelhante, pois dentre os animais, não há algum que o corresponda (à altura). Então, o Criador toma do homem uma parte, e disto forma a mulher. Juntos, são uma só carne. O homem está completo e a natureza lhe serve.
- A exemplo de outros escritos sagrados, estes textos se propõem a olhar para os mistérios da realidade e dar uma explicação a eles; ao mesmo tempo em que, através do próprio texto, justificam a manutenção das coisas que existem. Cabe, portanto, aproveitar as polissemias e o caráter poético desse gênero textual para construir os alicerces do que for conveniente ao espaço/tempo de cada leitor.
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