..o que era habitual tornara-se uma necessidade. As confissões e conversas abertas eram suas vidas, mesmo assim viviam como um rio represado.
Dessa vez, ao terminar, se despediram. Tão incomum, tão rapidamente, tão inesperadamente, que se beijaram. Não puderam desviar-se ou voltar a cabeça para evitar – seus lábios se tocaram.
Percebi um grande desconforto entre os dois... Incompreensível!
Não havia nenhuma razão para vergonha ou mesmo constrangimento numa situação dessas.
Afrodite se aproximou exclamando em tom comemoração:
- “Abençoados sejam os vossos corpos, porque são instrumentos para o amor”!
O rapaz saiu com os lábios latejando por causa do beijo. E ela, confusa, resolveu ignorar o ocorrido. A partir deste dia, recusavam reconhecer a onda de desejo físico que havia entre os dois num nível de fidelidade que nunca testemunhei!
Afrodite continuou:
- Tolos! Ao habitar esses corpos, a carne torna-se o único meio de se transmitir o amor. As palavras iludem, são apenas palavras.
O corpo é o instrumento com o qual a mensagem pode ser trocada. Eles nutrem o corpo com alimento, com bebidas, sono e exercícios... Por que esses dois não o usam para a transmissão do amor?
- Irmão, Afrodite, “Tudo é lícito, mas nem tudo convém!” Eles são carne, mas também são espírito.
- E porventura essa necessidade do amor físico não é a materialização do espírito, ansiando por comunicação? Olha para eles, nunca mais poderão ser estranhos um ao outro! Eles "se conheceram", como você mesmo diz!
...e mesmo assim ambos eram como um rio que se negava a correr, a despeito de qualquer represa. Seriam deuses?
- Querido, irmão, vimos a infância e a juventude dos dois; A liberdade e facilidade com que ele conduz sua vida é notável! E ela, sempre tão intensa em tudo; tudo lhe é excitante, novo, insuperável!
- Concordo, Afrodite. Então, vejamos o futuro...
Olha, lá estão os dois juntos pela última vez.
- Concordo, Afrodite. Então, vejamos o futuro...
Olha, lá estão os dois juntos pela última vez.
O que fará essa mulher com a adoração desse homem? Por que ela o instruí a viver assim?
- Não posso deixar de ver isso!
Aquiete-se, deus do amor! Vamos ouvi-los.
- Renuncias a mim enquanto me ama, porque me ama?
- “Eu nunca o deixarei saber.” (respondeu ela, silenciosamente)
...então ele tentou beijá-la, a fim de obter uma resposta contra a vontade dela em responder.
- Que lindo! Ele podia muito mais, e mesmo com toda aquela tensão, ainda foi cauteloso.. por que não dizer "carinhoso"?
- Enfim ele agiu! Não quis ser violento, somente mais persuasivo!
- Mas foi em vão, querido irmão.
De facto, Afrodite.
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